O São Paulo foi eliminado nas oitavas de final da Copa São Paulo de Futebol Júnior nesta última terça-feira. Com uma atuação apática, sobretudo no segundo tempo, a equipe de Menta foi derrotada pelo Novorizontino e dá adeus a competição sem nenhuma saudade por parte de seus torcedores.
Vamos lá. Em primeiro lugar eu sou daqueles que acredita que a principal função da base seja servir para revelar jogadores. Mas há uma importante ressalva. A Copinha é o torneio de maior visibilidade no Brasil, aquele que todo torcedor de clube acompanha por falta de jogos no profissional no período, portanto neste torneio o nome da instituição importa tão ou mais que o propósito de tão e somente revelar.
É também na Copinha que a maioria dos torcedores tem a primeira e quase definitiva impressão dos valores individuais que estarão no profissional. Por este e pelo motivo institucional eu acredito que o torneio deve ser colocado acima do propósito.
O São Paulo não ficou precocemente no caminho por culpa somente de A ou B. Um contexto deve ser analisado para que as peças se encaixem, portanto vou dar a minha versão da eliminação, que foi justa e era até prevista, pelo pouco que se viu na fase de grupos. Segue o fio…
Erro de estratégia da gestão de Cotia
O que se falava em Cotia é que a geração Sub20 é comum e a geração Sub17 é bem mais talentosa. Então, a estratégia foi mesclar os melhores Sub17 no time Sub20, compondo assim o que havia de melhor em Cotia para a Copinha. Na teoria a ideia é boa mas requer treino e me parece que não houve tempo suficiente para a execução. Os espaços deixados no sistema defensivo mostraram uma equipe sem entrosamento suficiente para o jogo sem a bola. Outro fator, este um pouco menos importante mas que também contribuiu para a derrocada, foi o físico. Há diferença entre um jogador de dezessete para outro de vinte, explicadas pelo próprio Negrucci no fim da partida da eliminação, ao repórter Gabriel Sá. Ao meu ver, o zagueiro Kauê foi uma das “vítimas” dessa defasagem.
Ascensão dos clubes do Interior
Apesar da diferença no profissional ser grande, na base os clubes do interior do estado de São Paulo a cada ano se equivalem aos da capital graças ao bom trabalho de algumas agremiações. Novorizontino, Ferroviária (que deu um suor no Tricolor na fase de grupos e no mata-mata), Ituano são bons exemplos da excelência conquistada. O maior exemplo deles talvez seja o Mirasssol: a equipe do oeste paulista usou muito bem o dinheiro ganho com a venda de Luiz Araújo para criar a estrutura, tanto para o profissional como para a base. O XV de Piracicaba promete fazer algo semelhante com o que ganhará com a venda de Beraldo.
A expectativa elevada as alturas
O São Paulo nesta Copinha, na minha visão, foi muito superestimado pelos seus torcedores. Tem bons valores individuais mas não é nenhuma máquina como muitos especialistas em Base Tricolor pregam. Li de um amigo uma coisa interessante que irei reproduzir aqui: “Perfis de redes sociais e alguns “experts” em base tratam moleques de 16/17 anos como craques. As vezes, até mais novos. Cria-se uma puta expectativa, uma puta pressão. Aí 95% dos atletas somem… E os “experts” inventam outros.” Talvez sejam palavras um pouco duras demais mas esse fenômeno nas redes sociais acontece, sim.
O trabalho técnico
O São Paulo pareceu um time mal treinado do primeiro ao último jogo. Tem muito da estratégia de mesclar jogadores Sub17 com Sub20 sem o tempo para que eles se “conheçam” em campo mas também tem o trabalho feito pelo Menta a beira do gramado. Algumas decisões equivocadas e muitos, muitos espaços convidativos para o ataque dos adversários. A impressão que teve é que toda partida o ataque tinha que compensar o frágil sistema defensivo.
Os jogadores
Sim, o propósito de revelar jogadores segue e eu acho que há bons nomes a serem melhor desenvolvidos na base para que cheguem ao profissional mais preparados, mas não dá para eximir ou pra esvaziar os garotos da responsabilidade de serem eliminados numas oitavas de final com a camisa de um dos maiores clubes do Brasil e de formação de atletas. Não é obrigação ganhar o título mas sim, ser competitivo. Não vimos isso neste ano. Se eu acho vexatório o profissional ficar no caminho em qualquer oitava de final que participa, seja Libertadores, Copa do Brasil, Sula ou estadual, tenho que usar o mesmo critério para a base.
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Saudações Tricolores!
Daniel Perrone | São Paulo Sempre!
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(7) Comentários
Maick
22 de janeiro de 2024José Mota
José Mota
19 de janeiro de 2024José Mota
PAULO
17 de janeiro de 2024Não acho que o físico foi o diferencial. O Kaue até tem porte físico, mas não tem bola. Errou muitos passes. O lateral Igor, apesar de não ter porte físico, ganhou muitas divididas com jogadores maiores (às vezes até com 2). O Negrucci, que é sub 20 e veterano, não jogou nada. Para mim a surpresa foi o Iba. Jogador de pegada, bons passes e sempre se deslocando para um lado e para outro, coisa que o Negrucci não fez. O Palmberg é razoável, mas pouco combativo. O chamado "joia" Ryan parece que não tem vontade. Não se desloca, corre com freio de mão puxado e ficou sumido, tanto que foi substituído em todos os jogos. Mas acho que o principal motivo é que o Menta também não está preparado para treinar sub 20. NO sub 17 foi vitorioso e não conseguiu fazer um bom trabalho. Desde a saída do Alex o Sub 20 foi ladeira abaixo com Beletti e agora com Menta. O Biasotto precisa trabalhar mais porque Cotia está deixando de ser referência. Enquanto os rivais estão crescendo o SP está na contra mão. Se não refizerem o planejamento num futuro próximo não teremos como aproveitar ninguém no profissional.
absaopaulo
17 de janeiro de 2024Concordo com vc Perrone. Era visível a diferença física . Estes times menores , jogam com a base na linha do profissional para aproveitar os jovens. O SP com exceção de alguns, o restante é sub 17. No time sub 20 por ex o Beraldo ja esta na Europa e tantos outros como Tales Vander que ja subiu . Agora vamos ter que aguardar , pelo que foi visto não da para se animar . Fora engano meu o período Jardine foi o ápice das categorias de base.
TAKEI
17 de janeiro de 2024Outrora, nos tempos do Jardine, por exemplo, a base do SP com o CFA de Cotia servia de modelo de estrutura organizacional e exemplo de profissionalização da gestão. E naquela época a base do Palmeiras, inexistia. Hoje, a estrutura e as instalações físicas e logísticas mantém o nosso CFA na vanguarda como um dos maiores e melhores complexos em todo o mundo. Em relação à estrutura organizacional as situações se inverteram, a nossa se derreteu e se esfacelou e a do Palmeiras ocupa o nosso posto de outrora como estrutura organizacional de excelência. Nesse curto espaço de tempo se transformaram em centro de excelência também no campo da gestão, profissionalizando a sua estrutura em todas as posições, com destaque para a montagem de comissões técnicas permanentes com profissionais de primeira linha. E num movimento inverso o que temos constatado no SP é o desmantelamento desses processos, prevalecendo o amadorismo e a incompetência como critérios para estruturação das nossas comissões técnicas, na verdade usadas como cabide de emprego e como meio para a acomodação de apaniguados e apadrinhados. Na época do Jardine, não faz tanto tempo assim, existia também o Projeto Lapidare capitaneado pelo Chávare. A ideia do JJ e em seguida do MPG a busca era a de transformar o CFA de Cotia na grande universidade do futebol promovendo a efetiva integração de todas as suas categorias ao profissional numa fusão conceitual CFA&CTBF. O próprio Murici esteve conhecendo pessoalmente e fazendo um benchmarking no Barcelona a fim de estruturar um projeto de padronização do futebol praticado pela base do SP em todas as suas categorias. Reflexão que nos deixa perplexos e muito intrigados. Como isso poderia ter acontecido? Quem sabe não inspire o Casares, o Murici e o Biasotto!
Geneilson
17 de janeiro de 2024O são Paulo FC não pode aceitar jogadores na base meia boca. Não são obrigados a ganharem títulos, mas dali não tem um jogador de se aproveite no profissional isso é uma realidade. Trabalho técnico fraco também. Uma vergonha para um clube tão grande.Defesa pavorosa de várzea com todo respeito.
Emerson
17 de janeiro de 2024Vc disse que esse elenco foi 'subestimado', mas o certo é que foi 'superestimado'. Mas isso é feito direto quando observamos os comentários do torcedor em geral e os jornalistas que na maioria só fingem serem sabedores do que estão afirmando, basta o jargão 'Jóias de Cotia'. Infelizmente acredito que dessa vez o erro deve ter vindo de esfera maior, tipo Casares mesmo, pedindo para mesclar os mais novos e assim, quem sabe alguém comprava um gato por lebre aí, este Ryan Francisco é bom, nada além disso, se caprichar pode render +/- um Brenner, mas nem de longe um Hendric, como em muitos lugares parecia que queriam dizer isso, o moleque está muito cru, acho que foi desespero da diretoria pesando que poderia fazer uma baita grana para ajudar a sanar de cara parte dessas dívidas. Deixem este e os menores no SUB17 e subam aos poucos. // Especialmente sobre Kauê, realmente ardeu os olhos assistir suas atuações, mas estou ciente do vacilo da diretoria ou simplesmente do Menta, ou mesmo o Leandro no gol, muitas decisões infelizes de reposição e ainda essa meta de bater faltas, esquece isso e foca na sua função que é acima de tudo, ser Goleiro! // SP tem que recriar o método de desenvolvimento e condução das categorias de base, tem de criar um padrão em todas categorias! SP podia estudar o jeito do Gabriel Milito de integrar as categorias de base, criando intercâmbios desde o sub 15 e 17, do sub 17 e 20, enfim chegando dos sub 20 ao profissional, sempre pegando uns 5 por vez para fazer uns 10 dias de treinamento com a próxima categoria, bem como pegando o mesmo número e descendo de categoria, sempre visando que assim esses garotos quando subirem já estivessem mais ambientados com o novo elenco, tirando um pouco a timidez dos introspectivos e criando amizades antes mesmo de subirem, além claro de sempre usarem em todas as categorias o mesmo padrão do profissional, pois uma vez subindo a molecada, não sintam tanto assim essa diferença de ambiente.